Já que os bancos não actuam…
A minha opinião sobre o tema não será nada consensual. E sei que muitos de vós não concordarão. Contudo, devo dizer que a ideia é boa, com muitos senãos, o que a fazem virtualmente impraticável.
Porque concordo?
Porque é vital para a estabilização da economia o reforço da capacidade exportadora. Sei que a dificuldade apontada pela AEP é bem real: conheço muitas empresas com encomendas para o exterior que não têm forma de enviar encomendas pois não conseguem, com imensos atrasos nos pagamentos de ecomendas por parte dos clientes, manter níveis de cash-flow aceitáveis. Dessa forma e na impossibilidade de segurar as encomendas, obviamente não arriscam, pois tal pode gerar a insustentabilidade da mesma, com o resultado final ser a eliminação de postos de trabalho.
Tal como mencionei num post anterior: a economia portuguesa (e mundial) está a parar não por falta de trabalho, mas por dificuldade das empresas em obter capital.
As vantagens são óbvias: permitiria às empresas sobreviver este furacão (ainda que com lucros reduzidos ou inexistentes, seria muito melhor que a falência), diminuir diferenças da balança comercial com efeitos no défice do estado, aumento de receitas fiscais e manutenção dos postos de trabalho. Sim leitor, estes efeitos sentir-se-iam quase imediatamente.
Qual o problema, que torna a ideia impraticável?
Pensemos assim: Se a CGD, braço financeiro do estado, não consegue actuar convenientemente no apoio a empresas, sobretudo PME’s, será razoável pensar que com a renacionalização de uma empresa de crédito às exportações o estado se tornará mais eficaz? Não, claro que não. Para além disso, temos que pensar nos custos acrescidos que iria trazer ao erário público tal medida, sendo que na prática o dinheiro dos contribuintes seria utilizado, no limite, para financiar empresas estrangeiras; não esqueçamos que não devem ser os contribuintes a substituir empresas estrangeiras das suas obrigações.
Em que ficamos, então?
Veria com muitos bons olhos uma medida a nível comunitário, até porque a maior parte das exportações portuguesas são para a UE. Uma central europeia de seguros à exportação, ainda que intra-comunitária, traria vantagens competitivas às empresas do espaço comunitário, e daria a força que os bancos não conseguem/querem dar.
Talvez se os estados apostassem nisso em vez de salvarem os ordenados chorudos dos administradores bancários…
In Publico
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